Travassos

 

 

José Travassos nasceu a 22 de Fevereiro de 1926, em Lisboa.

O seu nascimento marcou-lhe o destino: veio ao Mundo numa casa modesta, entre dois campos de futebol, o do Lumiar e o Campo Grande – só podia mesmo ser futebolista. Por outro lado, o lugar onde começou as brincadeiras de miúdo, a quinta onde foi construída a ‘Bancada Nova’ do antigo Estádio José Alvalade, também lhe motivou a adoração pelo Sporting Clube de Portugal. 

Aos 16 anos foi trabalhar para os estaleiros da CUF e jogar no Grupo Desportivo da mesma companhia. Mas como era Sportinguista de nascimento, o seu sonho era jogar com a camisola verde-e-branca. Foi lá e ofereceu-se, mas o treinador Joseph Szabo disse que era muito franzino e mandou-o ‘comer batatas com bacalhau para crescer’. Travassos não esteve pelos ajustes e ingressou no atletismo leonino. Seguiu-se o cerco do FC Porto e a resposta do Sporting que chegou a isolá-lo longe das vistas alheias em Torres Vedras. Depois foi ‘sequestrado’ por um associado do FC Porto, mas um irmão de Travassos conseguiu trazê-lo de volta para Alvalade. Assinou, de imediato, um contrato por 20 contos de prémio e 700 escudos mensais.

Estreou-se oficialmente no Sporting, a 8 de Setembro de 1946. No seu primeiro ‘derby’ com o Benfica, realizou um hat-trick, ajudando a golear o ‘eterno rival’ por 6-1. No final da partida, recebeu um prémio muito especial, oferecido por um ourives de Lisboa – um relógio em ouro.

No início dos anos 50 já os especialistas de futebol internacional haviam reparado na qualidade deste jogador português. Em 1951, um jornalista inglês escreveu: ‘Portugal não figura entre os seis primeiros países da Europa, mas possui um médio (Travassos) que vale quatro mil contos. Com um penteado impecável, é tão brilhante com os pés como o seu inalterável penteado de brilhantina’. Em 1955 chegou o momento mágico quando recebeu um convite para representar a Selecção da Europa, para um jogo contra a Grã-Bretanha, a realizar em Belfast. Foi a 13 de Agosto, e a crítica considerou-o como o motor da equipa que venceu por 4-1. Até ao fim da sua vida, passou a ser conhecido como ‘Zé da Europa’.

Travassos foi para muitos o melhor jogador de sempre do futebol leonino. Velocíssimo, era mestre no uso dos dois pés: dele diziam os colegas que estes mais pareciam tabelas de bilhar, tal a precisão com que lhes entregava a bola. Mas Travassos fazia mais do que isso, pois a sua extraordinária visão de jogo permitia-lhe escolher quase sempre a melhor solução e colocar ao serviço da equipa o seu vasto manancial de recursos. Além da certeza no passe, tinha uma finta própria e um poder de remate invulgar. Formou, juntamente com Albano, Jesus Correia, Vasques e Peyroteo, os ‘Cinco Violinos’. Foi um futebolista fora do comum, daqueles que não oferecessem dúvidas quanto à sua grandeza.

Disputou 457 jogos de leão ao peito, nos quais marcou 172 golos. Recebeu, em 1986, o Prémio Stromp, na categoria ‘Saudade’. Deixou de jogar futebol a 7 de Setembro de 1958. Poderia ter sido um grande treinador, mas tinha pela caça uma paixão quase doentia e, a partir daí, nunca mais deixou de aproveitar os fins-de-semana para praticar a sua actividade preferida depois do futebol.

Faleceu a 12 de Fevereiro de 2002.

Curriculum:
   Nome: José António Barreto Travassos
   Local de Nascimento: Lisboa
   Data de Nascimento: 22 de Fevereiro de 1926
   Internacionalizações: 35

   Títulos conquistados ao serviço do Sporting:
            8 Campeonatos Nacionais
            2 Taças de Portugal
            1 Campeonato de Lisboa